Sérgio Papellin no Fortaleza: Gestão Rigorosa, Mudanças no Elenco e Busca por Protagonismo

A recente formalização da chegada de Sérgio Papellin como novo diretor de futebol do Fortaleza, concretizada mediante uma compensação financeira, marca o início de um capítulo decisivo para o clube. Apresentado oficialmente na última terça-feira (3), o executivo, que retorna ao Leão do Pici para sua quarta passagem, carrega consigo um impressionante histórico de 13 títulos conquistados entre 2004 e 2023. Sua volta é permeada por uma clara demonstração de otimismo na capacidade do Fortaleza de superar a atual fase delicada, visando uma rápida reabilitação em campo.

Papellin, conhecido por sua abordagem pragmática e vitoriosa, não tardou em sinalizar que sua gestão será marcada por transformações profundas no plantel. A expectativa é que sua vasta experiência e conhecimento do ambiente do clube sejam catalisadores para um período de reajustes e busca por um novo patamar de desempenho.

A Filosofia de Gestão: Rigor e Compromisso no Elenco

A postura do novo dirigente em relação à composição do elenco é de um rigor notável. Papellin não hesita em delinear o perfil de atleta que se espera no clube, enfatizando a necessidade de ambição e competitividade: "O jogador que tiver sem jogar e satisfeito está no lugar errado, tem que estar em casa. Quem não está jogando tem que ter dignidade para brigar, lutar por espaço." Essa declaração sublinha a intolerância a qualquer tipo de complacência ou desmotivação. Ele prossegue, alertando sobre os riscos de um ambiente de trabalho contaminado: "Com essa indignação dele, ele não pode é contaminar o grupo, trabalhar contra o clube que paga os salários. Conversaremos no dia a dia. Conheço os jogadores até 2023, tenho uma boa relação." A premissa é clara: a insatisfação deve ser um motor para a superação individual, jamais um elemento de desagregação coletiva.

Na mesma linha, o executivo reforça a intenção de identificar e sanar rapidamente qualquer foco de descontentamento que possa comprometer a coesão interna. "Vamos detectar se existe essa insatisfação. E, se existe, tirar o mais rápido possível do grupo. Não queremos laranja podre dentro do grupo. Eles têm que brigar nos treinos para ser observado pelo treinador e ganhar espaço," sentenciou. A metáfora da "laranja podre" ilustra a firmeza de sua abordagem, visando preservar a integridade e a ambição do grupo. A mensagem é um convite à alta performance e à disputa saudável por uma posição no time.

Foto: ( Fabiane de Paula/SVM)

Estratégias para a Qualificação do Plantel

Apesar da determinação em promover mudanças, Papellin adota uma estratégia cautelosa quanto à movimentação de atletas. Ele esclarece que, embora já tenha recebido do presidente indicações de jogadores que não se enquadram nos planos futuros, o clube não divulgará publicamente uma "lista de dispensa". Tal medida, segundo o diretor, visa proteger o valor de mercado dos atletas e facilitar sua recolocação. "Não tem lista de dispensa, isso desvaloriza os atletas. Fica difícil encaixar eles em outros clubes," explicou.

A abordagem de mercado será multifacetada: "Temos nomes que o presidente me passou. Quando tem dificuldade de colocar no mercado e tem de rescindir, o prejuízo é maior. Outras peças temos que usar como mercadoria de troca." Essa visão estratégica busca minimizar perdas financeiras e maximizar o potencial de aquisição de novos talentos, utilizando os jogadores menos utilizados como moeda de troca para fortalecer o elenco em posições carentes, sempre com o objetivo de elevar o rendimento geral da equipe.

A Confiança em Vojvoda e o Resgate do Protagonismo Tricolor

Um dos pilares da reestruturação propostas por Papellin é a manutenção e o pleno apoio ao técnico Juan Pablo Vojvoda. O diretor confirmou ter dialogado com o treinador, reiterando a confiança irrestrita da diretoria em seu trabalho. Contudo, essa confiança vem acompanhada de um desafio claro: "Ele vai ter que se reinventar. Pontuei que ele pode melhorar e ele sempre é receptivo. Espero que ele consiga remotivar o grupo." Papellin reconhece a pressão inerente à função e a sensibilidade do treinador às adversidades: "Estressa, realmente. Ele é emotivo, sente as derrotas. Mas tem que ser forte para remotivar. Para que o grupo consiga ser vencedor." A expectativa é que Vojvoda consiga infundir uma nova energia no plantel e reverter a curva de desempenho.

A ambição de Papellin vai além da recuperação imediata; ele almeja o resgate da identidade vitoriosa do Fortaleza . Com uma análise perspicaz, o diretor lamenta a perda de uma característica que antes intimidava adversários: "Todo adversário que vinha jogar aqui tremia. O Fortaleza gostava de comandar o jogo ofensivamente, e hoje está perdendo o respeito." A eliminação para o Retrô, um clube da Série C, na Copa do Brasil, é citada como um doloroso exemplo da atual fragilidade. A mensagem final é um imperativo: "O Fortaleza precisa voltar a ser protagonista," concluiu, traçando um caminho de exigência e ambição para o futuro próximo do Leão do Pici.

Em meio a esse processo de redefinição, o Tricolor do Pici mantém-se engajado em frentes importantes para a temporada. O clube segue na disputa do Campeonato Brasileiro Série A, onde busca consolidar sua posição, além de avançar na Copa do Nordeste e, notavelmente, nas oitavas de final da prestigiada Copa Libertadores, desafios que demandarão o máximo de empenho e a concretização das mudanças prometidas pela nova gestão.