Renato Paiva e a 'Vitória Comportamental': Entenda a Nova Abordagem do Fortaleza

O Fortaleza encerrou sua partida de estreia sob o comando técnico de Renato Paiva com um empate em 1 a 1 contra o Bahia, na Arena Castelão. O confronto, válido pela décima quinta rodada do Campeonato Brasileiro, marcou o primeiro passo do novo treinador à frente do Leão. Apesar de não ter conquistado os três pontos, Paiva ofereceu uma avaliação notavelmente otimista do desempenho da equipe, focando em aspectos que transcendem o mero resultado no placar.

A Mentalidade de Luta: O Foco de Paiva na Atitude

O treinador português enfatizou que, para além do placar, o que se destacou foi a entrega total dos atletas em campo. Em um discurso que ressoa a busca por uma nova identidade para o time, Paiva fez questão de sublinhar o comprometimento individual e coletivo dos jogadores, algo que ele considera inegociável para o sucesso da equipe.

Hoje entregamos tudo o que tínhamos para entregar e não houve um jogador que não tivesse feito isso. De fato, eles foram de uma entrega, de uma atitude, de um querer, às vezes até emocional. Eu tenho que elogiar bastante isso porque foi um grupo onde todos deixaram tudo em campo e isso é a única coisa que não pode faltar nesta equipe.

A Dinâmica Tática: O Recuo Pós-Gol e a Explicação do Treinador

A partida apresentou uma dinâmica particular após o gol inaugural do Fortaleza , aos 29 minutos do primeiro tempo. Observou-se um recuo nas linhas de marcação, o que gerou questionamentos sobre a estratégia adotada. Renato Paiva esclareceu que essa mudança tática não foi uma diretriz sua, mas sim uma reação compreensível, porém não ideal, dos jogadores.

Ele contextualizou a decisão como uma resposta emocional, inerente à pressão de defender uma vantagem em um momento de resultados adversos. A tentativa de proteger o placar, embora instintiva, levou a equipe a uma postura mais defensiva do que o desejado pelo comando técnico, permitindo uma maior aproximação do adversário à área e, consequentemente, a perda do controle do jogo.

Nós começamos, de fato, a recuar um pouco mais do que devíamos, sem ser a minha intenção, mas é emocional nos jogadores que estavam ganhando a partida e como não ganham há algum tempo, foram tentando defender essa vantagem. Não foi da forma que eu gosto de defender, porque o adversário vai se aproximar muito da nossa área.

Além do Placar: A 'Vitória Comportamental' no Centro do Projeto

Apesar do resultado de igualdade, o discurso de Renato Paiva se centrou no que ele denominou de "vitória comportamental". Para o técnico, em cenários de dificuldade e desconfiança, onde a equipe tem enfrentado uma sequência de maus resultados, existem triunfos que transcendem o aspecto numérico do placar. Essa perspectiva sugere que a evolução da equipe, neste momento, passa primeiramente pela restauração da confiança e da atitude em campo.

Paiva ressaltou que, embora detalhes táticos tenham sido bem executados e o tenham agradado, o mais significativo foi a demonstração de caráter e a mentalidade de luta dos atletas, elementos cruciais para a construção de uma base sólida para o futuro. A ênfase no comportamento reflete a prioridade do treinador em reerguer o moral do elenco antes de aprofundar as complexidades táticas.

Em momentos de dificuldade e de desconfiança, de maus resultados, há dois tipos de vitórias: as numéricas (vitória no placar) e as comportamentais. E eu acho que hoje tivemos uma vitória comportamental, em termos de atitude e de sucesso para a minha equipe. Não posso falar tanto em questões táticas. Já disse que houve ali detalhes que eles fizeram muito bem e fiquei muito feliz, mas acima de tudo comportamentais.

Com um período de trabalho de uma semana à frente, o Fortaleza terá a oportunidade de aprimorar os aspectos táticos e comportamentais sob a orientação de Renato Paiva. O próximo desafio será contra o Red Bull Bragantino, no sábado, dia 26, novamente na Arena Castelão, às 18h30 (horário de Brasília), em partida válida pela décima sexta rodada do Campeonato Brasileiro.