Polêmica VAR: Entenda Por Que Dudu Teve Cartão Amarelo Retirado em Fortaleza x Atlético

A vitória do Fortaleza por 1 a 0 sobre o Atlético, no Castelão, em partida válida pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi marcada por um incidente arbitral que gerou intensa controvérsia e debate. Aos 23 minutos da etapa inicial, o atacante Dudu, camisa 92 do Atlético, protagonizou um lance decisivo que culminou em um cartão amarelo por suposta simulação, posteriormente revogado após intervenção do Árbitro de Vídeo (VAR). A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tornou público o áudio da comunicação entre o árbitro de campo, Davi de Oliveira Lacerda, e o VAR, Héber Roberto Lopes, desvendando os pormenores que levaram à decisão final.

A Decisão Inicial: Simulação ou Contato Genuíno?

A percepção inicial do árbitro Davi de Oliveira Lacerda foi de que Dudu, ao se projetar na grande área, teria intencionalmente forçado o contato, culminando na punição por simulação. Lacerda justificou sua marcação em campo, declarando:

?Não, simulação. Ele deixa de jogar e dobra a perna, ele provoca o contato. Eu entendo como simulação.?

Esta interpretação gerou imediata insatisfação entre os atletas do Atlético. O experiente atacante Hulk, camisa 7, contestou veementemente, argumentando que a busca pelo contato físico é uma característica inerente à atuação de um atacante na área adversária.

?O atacante dentro da área tem que buscar o contato, isso é natural?

, defendeu Hulk.

A Intervenção do VAR: Detalhes da Análise em Vídeo

Diante da intensidade da controvérsia, a equipe do VAR, liderada por Héber Roberto Lopes, decidiu intervir, identificando duas potenciais irregularidades que demandavam revisão: a possibilidade de um pênalti e, previamente a este, uma eventual posição de impedimento. A comunicação do VAR ao árbitro de campo foi explícita:

?Tem um possível impedimento. Eu não vejo um contato faltoso, ele enrosca a perna no chão. Davi, eu vou te convidar para um possível penal, porém tem um impedimento antes.?

O convite para a revisão no monitor foi aceito por Lacerda, ciente de que, mesmo com a confirmação do impedimento, a avaliação do contato era crucial para determinar a validade do cartão amarelo aplicado. Antes de prosseguir para a cabine de revisão, Lacerda dialogou com o capitão atleticano, Junior Alonso, esclarecendo sua intenção:

?Eu vou olhar, mas tem um impedimento antes. Se eu entender que houve o contato para penal, eu vou tirar o cartão dele.?

A mesma explicação foi estendida aos técnicos Jorge Sampaoli e Martín Palermo, garantindo transparência no processo.

Veredito Final: A Reversão da Decisão e Suas Implicações

Na análise minuciosa da jogada no monitor, o VAR reiterou a clareza do impedimento pré-existente. Após a revisão das imagens, o árbitro Davi de Oliveira Lacerda alterou seu entendimento inicial, concluindo que não houve simulação por parte de Dudu. Sua deliberação final foi:

?Ele toca o branco (Dudu) e arrasta. Eu vou dar o tiro livre indireto e voltar sem o cartão amarelo, vou tirar o cartão.?

Dessa forma, a infração original de impedimento foi mantida, impedindo a marcação de um pênalti a favor do Atlético. Contudo, a constatação de que não houve simulação resultou na anulação do cartão amarelo previamente imposto a Dudu. O confronto encerrou-se com o triunfo do Fortaleza por um gol a zero, anotado por Pochettino, um resultado que manteve o Atlético em uma posição delicada na tabela, ameaçado pelo rebaixamento, enquanto o Leão se aproximou a apenas um ponto de escapar da zona de perigo.

O Manual do VAR: Entendendo os Limites da Intervenção Arbitral

Para compreender plenamente a amplitude da atuação do VAR neste e em outros lances, é imperativo consultar o Manual de Árbitros Assistentes de Vídeo da CBF. Este documento detalha as situações em que o árbitro de campo pode ser acionado para revisar uma decisão. O futebol, em sua essência, envolve centenas de decisões arbitrais por jogo, e a revisão de cada uma delas seria impraticável. Por isso, a IFAB, com base em recomendações e feedback, delimitou a atuação do VAR a quatro categorias cruciais que podem "mudar o jogo":

A seguir, uma síntese das categorias de intervenção do VAR:

É fundamental ressaltar que o VAR possui autonomia para atuar em qualquer cenário onde o árbitro tenha tomado uma decisão, ou mesmo quando um incidente grave não foi percebido pela equipe de arbitragem. Contudo, a prerrogativa final recai sempre sobre o árbitro de campo, que somente alterará sua decisão se esta for "claramente errada", conforme diretriz do regulamento.