Fortaleza Sacrifica Brasileiro por Libertadores? Entenda as Consequências

A escolha de uma formação alternativa contra o Fluminense no Campeonato Brasileiro revelou-se um equívoco custoso para o Fortaleza. Com a proximidade do decisivo confronto pela Libertadores, o técnico Renato Paiva optou por escalar uma equipe com numerosos reservas neste sábado (16), uma decisão que não apenas gerou descontentamento entre os torcedores, mas também se mostrou ineficaz em campo.

Apesar do empenho e da notável superioridade em finalizações no Maracanã (12 contra 7 do adversário), o placar de 2 a 1 a favor do mandante foi um reflexo da maior efetividade tricolor. O revés imposto pelo Fluminense aprofunda ainda mais a delicada situação do time cearense na zona de rebaixamento, acendendo um alerta severo sobre as prioridades do clube na temporada.

A Estratégia de Paiva e o Revés Inicial

O primeiro tempo da equipe escalada por Renato Paiva não deixou uma impressão positiva. Em menos de dez minutos, na primeira investida perigosa do Fluminense, Serna orquestrou uma excelente jogada, deixando Gastón desorientado. O cruzamento rasteiro encontrou Cano livre de marcação, que apenas empurrou a bola para o fundo das redes de Helton Leite. A falha na cobertura, com Brítez e Rossetto incapazes de acompanhar o atacante carioca, expôs a fragilidade da defesa alternativa.

Apesar do baque inicial, o Leão do Pici buscou a recuperação com paciência, tentando construir jogadas pelo meio-campo. No primeiro tempo, o Fortaleza finalizou sete vezes, contra apenas três do Fluminense. Aos vinte minutos, uma oportunidade promissora surgiu quando a bola chegou a Lucero, que cruzou para Herrera. Contudo, o cabeceio do atacante não encontrou o alvo.

A persistência parecia ter sido recompensada aos 25 minutos. Pikachu criou uma boa jogada que culminou em finalização de Lucero. A sobra, ainda viva na área, foi aproveitada por Kervin, que mandou para o gol. No entanto, a celebração foi breve: o lance foi invalidado pela arbitragem após consulta ao VAR, que detectou um toque da bola no braço do venezuelano.

A situação poderia ter se complicado ainda mais antes do intervalo. Nos acréscimos, o árbitro assinalou um pênalti de Gastón sobre Martinelli, mas reverteu a decisão após revisão no VAR, mantendo a vantagem mínima para os donos da casa ao final da primeira etapa.

Foto: (Mateus Lotif/Fortaleza EC)

Substituições e a Busca por Reação

Na volta do vestiário, Renato Paiva promoveu a entrada de Lucca Prior no lugar de Kervin, buscando injetar nova dinâmica ao meio-campo do Leão. Contudo, o jogo permaneceu travado, com ambos os times esbarrando nas defesas adversárias em um meio-campo congestionado.

Com o tempo se esgotando e a necessidade de uma reação, Paiva optou por lançar dois atacantes, Deyverson e Breno Lopes, aos 15 minutos do segundo tempo. Ironia do destino, logo após as alterações, o Fluminense chegou ao seu segundo gol. Serna, novamente em grande jogada pela esquerda (com Brítez falhando na cobertura), cruzou para Cannobbio ampliar, superando a marcação de Weverson.

Apesar do golpe, o Fortaleza não se rendeu. As substituições começaram a surtir efeito. Allanzinho, que havia acabado de entrar, recebeu um excelente passe de Prior e acelerou em contra-ataque. Ele serviu Breno Lopes , que diminuiu o placar para o Tricolor do Pici, reacendendo as esperanças.

A equipe buscou a pressão nos minutos finais, com Prior se destacando na criação de jogadas. A última cartada de Paiva foi a entrada de Bareiro, mas o tempo foi insuficiente. Bareiro ainda teve uma ótima chance em uma cabeçada, mas o goleiro Fábio garantiu a defesa, selando a vitória do Fluminense.

O Custo da Priorização e o Cenário Atual

A estratégia de poupar os principais nomes para a Libertadores, utilizando um time alternativo, não rendeu os frutos esperados no Maracanã. O Fortaleza não conseguiu engrenar e agora se vê em uma posição ainda mais delicada no Campeonato Brasileiro, com a zona de rebaixamento a exercer uma pressão crescente.

A gestão do elenco é um desafio constante, especialmente com o departamento médico do Fortaleza , que já contava com seis atletas, incluindo Marinho, impossibilitados de atuar. A profundidade do banco de reservas e a capacidade de manter o desempenho em múltiplas frentes são postas à prova neste momento crucial da temporada.

O Próximo Desafio: Tudo ou Nada na Libertadores

Agora, todas as atenções se voltam para a próxima terça-feira (19), quando o Leão do Pici fará a partida de volta das oitavas de final da Libertadores contra o Vélez Sarsfield. O confronto decisivo ocorrerá em Buenos Aires, às 19h.

A aposta de Renato Paiva em sacrificar pontos no Brasileirão para focar na competição continental será testada ao extremo. Uma eventual eliminação na Libertadores, após os resultados recentes no campeonato nacional, poderia intensificar significativamente o cenário de instabilidade no Pici, gerando questionamentos ainda mais profundos sobre a gestão e o planejamento do clube.