Fortaleza: Facção CV orquestra invasão de terreno público no Monte Castelo

A audácia do crime organizado em Fortaleza atingiu um novo patamar, com a recente revelação de que membros da facção Comando Vermelho (CV) foram os arquitetos por trás da tentativa de invasão de uma propriedade estatal. O alvo, neste caso, era o terreno de uma escola no bairro Monte Castelo. Este incidente, ocorrido na última sexta-feira, dia 24, culminou em uma operação conjunta das forças de segurança, Polícia Civil do Ceará (PC-CE) e Polícia Militar do Ceará (PM-CE), que resultou na detenção de dois indivíduos suspeitos de envolvimento direto.

Documentos do Auto de Prisão em Flagrante (APF) elaborados pelo 1º Distrito Policial (1º DP) detalham que, "há vários dias", indivíduos ligados ao tráfico de entorpecentes na área vinham orquestrando a tomada do terreno, onde as obras de construção estavam estagnadas. A estratégia incluía o recrutamento de crianças e mulheres, uma tática desumana para tentar impedir qualquer ação de desocupação.

A Invasão Planejada: Táticas e Motivações da Facção

A intenção primária dos criminosos, segundo os investigadores, era transformar o local em pontos de venda de drogas, as chamadas "bocas de fumo". Embora inicialmente se esperasse que a ocupação ocorresse no sábado, 25, ela foi antecipada, começando na madrugada de sexta-feira.

A resposta estatal não tardou. Na manhã da mesma sexta-feira, equipes do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) da Polícia Militar foram mobilizadas para efetuar a retirada dos invasores. A operação transcorreu de forma pacífica, sem que houvesse registro de feridos.

Contudo, a atenção dos agentes da Polícia Civil, presentes nas diligências, foi atraída por dois indivíduos que tentavam se afastar "sorrateiramente" da área logo após a chegada das guarnições militares. Esses homens, posteriormente identificados como Ysaac Ícaro Gonçalves, de 25 anos, e Matheus Costa Dutra, de 28 anos, foram interceptados e detidos.

A Intervenção Policial e as Primeiras Capturas

Em posse de Matheus, foi localizada a chave de um veículo Hyundai HB20, que se encontrava ligado a cerca de 200 metros do terreno invadido, um indício que reforça a ligação dos suspeitos com a ação. Encaminhados à delegacia, os dois suspeitos foram formalmente acusados de delitos como invasão de propriedade pública e participação em organização criminosa.

Durante os interrogatórios, Matheus optou por exercer seu direito constitucional de permanecer em silêncio. Ysaac Ícaro, por sua vez, refutou qualquer envolvimento com as acusações, chegando a expressar "surpresa" diante da imputação. Embora tenha admitido estar na companhia de Matheus, ele alegou que o encontro foi "por acaso", após retornar de uma partida de futebol, uma versão que agora será submetida ao crivo da justiça.

Desdobramentos Judiciais e o Alcance da Investigação

A audiência de custódia, realizada no sábado, 25, resultou na decretação da prisão preventiva para Matheus e Ysaac Ícaro, mantendo-os sob custódia enquanto as investigações prosseguem. A complexidade do caso se aprofunda, pois a polícia não descarta a participação de outros indivíduos. Pelo menos mais duas pessoas, igualmente apontadas como integrantes do Comando Vermelho, estão sob investigação, suspeitas de terem desempenhado papel ativo na promoção desta invasão. Este cenário reafirma a necessidade de uma vigilância constante contra a expansão das facções criminosas em território urbano.