Fortaleza: Aumento da Brutalidade Contra Mulheres na RMF - Análise Crítica

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi palco de chocantes atos de violência nos últimos dias, com o registro de duas mortes de mulheres, ambas marcadas por extrema brutalidade. Os incidentes, que trouxeram à tona a face mais cruel da criminalidade, levantam questionamentos urgentes sobre a segurança pública e a proteção das vidas femininas na capital cearense e seus arredores.

O caso mais recente veio à tona na noite da última terça-feira, 28 de novembro, no residencial Orgulho do Ceará, em Pacatuba. Uma vítima, cuja identidade ainda não foi revelada, foi surpreendida em sua própria residência e arrastada para um local de execução, onde foi cruelmente assassinada a tiros. Detalhes adicionais indicam que a mulher utilizava uma tornozeleira eletrônica, um fato que adiciona complexidade e questionamentos sobre o monitoramento e a eficácia das medidas de segurança.

Poucos dias antes, no domingo, 26 de novembro, um evento similar e igualmente hediondo ocorreu em Maracanaú. Uma mulher foi sequestrada e levada para uma área de mata, nas proximidades do rio Maranguapinho. Lá, ela foi vítima de um assassinato bárbaro, perpetrado com golpes de machado, cena que, lamentavelmente, foi registrada em vídeo e disseminada pelas redes sociais, expondo a frieza e a crueldade dos criminosos.

O Desafio Investigativo e a Resposta Oficial

Diante da gravidade dos acontecimentos, o Diário do Nordeste buscou esclarecimentos junto à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em relação ao crime em Pacatuba, a pasta informou que está empenhada em "apurar as circunstâncias de um homicídio doloso, ocorrido nessa terça-feira". Equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foram mobilizadas para coletar os elementos que subsidiarão a investigação, que está sob a responsabilidade da Delegacia de Polícia Civil de Pacatuba.

Já sobre o assassinato em Maracanaú, a SSPDS confirmou a descoberta da vítima com evidentes sinais de violência, identificando-a como uma mulher de 30 anos. Até o momento desta publicação, nenhuma prisão foi efetuada relacionada a este caso. A confirmação da causa exata da morte aguarda o laudo pericial da Pefoce, com as investigações a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Maracanaú.

Escalada da Violência: Um Retrato dos Índices no Ceará

Estes episódios de violência extrema não são fatos isolados, mas se inserem em um contexto preocupante de aumento das mortes violentas no Ceará. Pelo segundo mês consecutivo, o estado registra uma escalada nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), categoria que engloba homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

Os dados da SSPDS são alarmantes: em setembro de 2025, foram contabilizados 269 CVLIs em todo o Ceará, um salto significativo em comparação aos 231 casos registrados no mesmo período do ano anterior. Isso representa um aumento de 16,4% nos índices, um crescimento que exige atenção e ações imediatas das autoridades.

Para ilustrar a gravidade da situação, apresentamos a comparação dos dados de CVLIs:

Enquanto facções criminosas persistem em suas disputas por territórios, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social reafirma seu compromisso, declarando que "segue direcionando seus esforços no combate à violência". A pasta menciona a implementação de ações estratégicas e integradas, baseadas em indicadores e levantamentos da Coordenadoria de Inteligência (Coin). Além disso, a SSPDS-CE "reforça que os investimentos em ações e tecnologias voltadas ao combate à criminalidade são contínuos".

Contudo, a realidade brutal das recentes mortes na RMF e o aumento generalizado dos CVLIs no estado sugerem que, apesar dos esforços declarados, a efetividade dessas medidas ainda é um desafio. A sociedade cearense anseia por resultados tangíveis que garantam a segurança e a integridade de seus cidadãos, especialmente das mulheres, que continuam sendo alvos de uma violência inaceitável e crescente.