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Fortaleza 2025: Os Erros Críticos que Levaram ao Rebaixamento no Brasileirão
Por Redação FutFortaleza em 08/12/2025 08:16
O ano de 2025 ficará gravado na memória do Fortaleza como um dos mais desafiadores em sua trajetória recente. Após um período de notável ascensão, marcado por consistência, presenças consecutivas na Libertadores e um lugar cativo entre as principais forças do futebol nacional, o clube se viu mergulhado em uma espiral de decisões equivocadas, desarticulação do plantel e uma série de mudanças no comando técnico. O desfecho amargo, concretizado na rodada final do Campeonato Brasileiro, quando a equipe dependia apenas de si, selou o retorno do Leão do Pici à Série B.
A derrota por 4 a 2 para o Botafogo, somada a resultados desfavoráveis de concorrentes diretos, sacramentou a queda. Este desfecho, por si só cruel, contrasta dramaticamente com uma sequência de nove jogos de invencibilidade na fase derradeira da competição. Tal arrancada tardia, contudo, não foi suficiente para apagar os erros acumulados desde o início do ano, que agora ecoam como um alerta severo para a diretoria, com especial atenção ao CEO Marcelo Paz.
O Desequilíbrio na Montagem do Elenco: Erros Fundamentais
Logo nos primeiros meses da temporada, uma verdade incômoda veio à tona: a estratégia de formação do elenco não havia surtido o efeito desejado. Acostumado a encontrar o equilíbrio ideal entre a vitalidade da juventude e a experiência de atletas rodados, o Fortaleza iniciou 2025 com um grupo notavelmente desbalanceado. Contratações de peso, como David Luiz (37 anos), Pol Fernández (33), Diogo Barbosa (32) e Deyverson (33), somaram-se a um plantel que já contava com dez jogadores acima dos 30 anos.
A consequência imediata foi uma perceptível falta de intensidade em campo, aliada ao baixo rendimento dos reforços, que rapidamente começou a cobrar seu preço. Antes mesmo da metade do ano, figuras como David Luiz e Pol Fernández já haviam deixado o clube, enquanto Deyverson foi afastado do grupo principal. Em paralelo, atletas importantes de campanhas anteriores, como Moisés, Pikachu e Marinho, não conseguiram replicar o desempenho que deles se esperava.
A Queda Precoce e as Primeiras Decepções
Os meses iniciais foram um verdadeiro calvário, recheado de decepções. A equipe amargou um vice-campeonato cearense e foi precocemente eliminada da Copa do Brasil pelo Retrô-PE. No Campeonato Brasileiro, o início foi igualmente preocupante, com apenas duas vitórias nas 12 primeiras rodadas, levando o time a flertar perigosamente com a zona de rebaixamento justamente quando o futebol nacional parou para o Mundial de Clubes em junho.
O retorno das atividades não trouxe o alívio esperado. Pelo contrário, a eliminação para o Bahia na Copa do Nordeste e a derrota no Clássico-Rei acenderam de vez o sinal de alerta vermelho, evidenciando que a equipe não conseguia encontrar um rumo, independentemente da competição.
A Volatilidade do Comando Técnico: Decisões Questionáveis
A sequência de decisões questionáveis atingiu seu ápice no momento de definir a liderança da equipe técnica. Mesmo após um extenso período de paralisação ? parte dele dedicado a férias, parte a treinamentos específicos ? a demissão de Juan Pablo Vojvoda ocorreu na primeira partida do retorno, após uma derrota para o Ceará. A escolha surpreendeu a muitos, considerando que Vojvoda era uma figura idolatrada e vinha sendo publicamente defendido pela diretoria.
Para substituir o argentino, Marcelo Paz apostou em Renato Paiva. Uma decisão que se mostrou ousada e, para muitos, contraditória. O resultado foi desastroso: em apenas um mês, Paiva conquistou uma única vitória em dez jogos, afundando ainda mais o Fortaleza , que chegou a ficar nove pontos atrás do 16º colocado na 22ª rodada. A equipe também sofreu uma eliminação precoce para o Vélez Sarsfield no primeiro mata-mata da Libertadores, competição na qual só havia avançado às oitavas de final graças a um W.O. contra o Colo-Colo.
Palermo e a Luta Heroica: Um Fôlego Insuficiente
A guinada, ainda que tardia, começou quando o clube assumiu um risco ainda maior ao trazer Martín Palermo. Essa aposta, inicialmente vista com ceticismo, transformou-se em um dos poucos acertos da temporada. Sob o comando de Palermo, o Fortaleza , apesar de tropeços iniciais (quatro derrotas nos sete primeiros jogos), reencontrou sua competitividade. Vitórias cruciais sobre adversários diretos, como Juventude, Sport e Vitória, recolocaram o Leão na disputa pela permanência.
A virada de chave teve um marco claro: o triunfo sobre o então vice-líder Flamengo. Essa partida sinalizou a formação de um quarteto ofensivo ? Pochettino, Herrera, Breno Lopes e Adam Bareiro ? que revitalizou o time. Eles foram habilmente apoiados por reforços de meio de ano, como Pierre, que se consolidou como titular absoluto, e o lateral Eros Mancuso. Bareiro, em particular, viveu uma notável transformação: após 12 jogos sem balançar as redes, marcou contra o Juventude e engatou uma sequência de cinco gols e uma assistência nos nove jogos seguintes, contribuindo diretamente para a conquista de 12 pontos cruciais na reta final.
A vitória sobre o Corinthians, na 37ª rodada, tirou o time da zona de rebaixamento pela primeira vez desde a 12ª, reacendendo a esperança. Brenno, em excelente fase, realizou defesas decisivas; Pochettino e Herrera, revigorados por Palermo, reassumiram o protagonismo. Mas, no fim, a resiliência não foi o bastante.
As Lições de 2025: Rumo à Reconstrução
A queda na última rodada, embora dolorosa, não invalida o trabalho do treinador argentino Martín Palermo, que conseguiu resgatar o espírito competitivo da equipe e direcionar o clube após meses de turbulência. A expectativa é de sua permanência para 2026, um ano em que o Fortaleza terá novamente a árdua tarefa de trilhar o caminho da reconstrução, um processo que já demonstrou ser capaz de superar no passado.
Para Marcelo Paz, contudo, a temporada de 2025 impõe uma necessidade urgente de profunda reflexão. É imperativo rever as escolhas, compreender os erros estratégicos e, acima de tudo, evitar que um roteiro tão desfavorável se repita. O torcedor viu lampejos de um time capaz de reagir e lutar, mas também testemunhou um planejamento que, desde o seu início, se desviou perigosamente do trilho do sucesso.
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