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Faixa Azul em Fortaleza: Segurança para Motociclistas ou Aumento do Caos?
Por Redação FutFortaleza em 03/11/2025 16:14
Fortaleza testemunha uma significativa alteração em sua paisagem urbana e dinâmica de tráfego com a introdução da primeira faixa azul dedicada exclusivamente às motocicletas. Implementada na Avenida Humberto Monte, entre as ruas José de Pontes e Rio Grande do Sul, a iniciativa, que teve seu início em 20 de outubro, é um projeto da Prefeitura de Fortaleza que busca redefinir a convivência viária na cidade.
A medida, conhecida popularmente como motofaixa, assemelha-se em funcionalidade às ciclofaixas e aos corredores de ônibus e táxis, distinguindo-se por ser um espaço preferencial, mas não obrigatório, para os motociclistas. Seu principal objetivo, conforme justificado pela gestão municipal, é "disciplinar o fluxo de veículos, reduzir conflitos no trânsito e tornar os deslocamentos mais eficientes", além de regulamentar o uso informal do "corredor" pelos condutores de duas rodas.
A Proposta da Faixa Azul: Detalhes e Autorização
A concepção da faixa azul para motocicletas não surgiu aleatoriamente. O projeto recebeu autorização do Ministério dos Transportes, através da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), conforme estabelecido na Portaria nº 752, publicada no Diário Oficial da União em 1º de outubro. Esta chancela federal legitima a experimentação e a implementação da novidade no cenário viário da capital cearense.
A escolha da Avenida Humberto Monte para sediar esta fase inicial foi estratégica, considerando a incidência e a gravidade de acidentes prévios na região, bem como a existência de infraestrutura cicloviária adjacente. A Autarquia Municipal de Trânsito de Fortaleza (AMC) avaliou as condições geométricas da via, garantindo que a intervenção pudesse ser realizada sem a necessidade de alterar o número de faixas de tráfego ou as permissões de estacionamento já existentes.
Os detalhes técnicos da motofaixa são cruciais para compreender sua funcionalidade e os desafios que ela pode apresentar:
| Característica | Detalhe |
|---|---|
| Localização | Avenida Humberto Monte (entre José de Pontes e Rio Grande do Sul) |
| Largura Mínima | 1,10 metro |
| Extensão | 1,6 km |
| Posição na Via | Entre as faixas gerais de tráfego |
| Velocidade Máxima da Via | 50 km/h |
| Caráter | Preferencial (não obrigatória) |
Primeiras Impressões: Entre a Aprovação e o Ceticismo
Desde sua demarcação, a faixa azul na Humberto Monte tem sido objeto de observação e, naturalmente, de opiniões diversas por parte de quem utiliza as vias diariamente. Entre os motociclistas, a expectativa por maior fluidez e segurança é palpável. Antônio Marcos Gomes, entregador de gás de 44 anos, vê a faixa como uma "opção boa" para otimizar o fluxo e proporcionar mais segurança.
"É uma opção boa. O trânsito flui mais. Dá mais segurança para o motoqueiro. Com a faixa azul fica até melhor o fluxo do trânsito, porque não precisa estar passando na frente de carro", comenta Antônio, que vislumbra uma "melhora grande". Ele acredita, ainda, que a iniciativa está promovendo uma "reeducação" dos motociclistas, desestimulando manobras arriscadas como "driblando os carros" e ultrapassagens indevidas.
Contudo, a percepção não é unânime, e as preocupações emergem com a mesma força das esperanças. Raimundo Alves, entregador de 56 anos, embora reconheça o potencial da faixa para "dar mais liberdade de fluxo aos condutores", levanta uma questão fundamental: o respeito dos motoristas de carros.
"Eu acho bom. Se os carros respeitarem, é bom. É um fluxo a mais para os motoqueiros andarem mais livre. Eu vejo os carros passando por cima da faixa. Então, não está sendo respeitado, por enquanto", observa Raimundo.
Desafios e Advertências: A Largura e o Comportamento no Trânsito
A crítica de Raimundo Alves vai além da mera desconsideração. Ele aponta para um problema de engenharia e segurança, sugerindo que o espaço "ficou muito estreito", o que poderia intensificar o risco de acidentes, especialmente considerando a velocidade com que os automóveis transitam na via. "É um perigo, porque muitos carros passam em alta velocidade. Pode bater no motoqueiro, pelo espaço pequeno. Ficou muito estreito, aí se o motorista vier um pouquinho para o lado de lá ou para o lado de cá, esse cara pode bater no guidão e derrubar", adverte, sublinhando a necessidade de uma melhor educação para todos os usuários da via.
Um ponto de vista ainda mais cético é o de Sinval Costa, um aposentado de 74 anos, que rotula a medida como um "desperdício de dinheiro". Para ele, a alteração não trará benefícios tangíveis e, de fato, poderia agravar a situação do tráfego. "Vai estreitar mais o asfalto. Vai complicar mais o trânsito, porque vai ter mais engarrafamento. Aí dá um problema danado isso aí", sentencia Sinval, expressando uma preocupação com o possível aumento da saturação viária.
Monitoramento Contínuo e Próximos Passos
Diante do cenário de opiniões divididas e da complexidade intrínseca à gestão do trânsito urbano, a Prefeitura de Fortaleza , por meio da AMC, assegura que os efeitos da intervenção serão acompanhados de perto durante todo o período de teste. Este monitoramento é vital para avaliar a eficácia da faixa azul em seus objetivos declarados de segurança e fluidez.
O projeto da motofaixa não se restringe à Humberto Monte. A expansão já tem data e local: a Avenida Santos Dumont está prevista para receber a demarcação em novembro deste ano, indicando a intenção da gestão municipal de estender a iniciativa a outras artérias da cidade. Resta observar se a fase de testes e as futuras implementações conseguirão harmonizar as expectativas dos motociclistas com as preocupações dos motoristas e pedestres, e se a Faixa Azul se consolidará como uma solução efetiva para a mobilidade em Fortaleza .
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