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Fortaleza SAF: Conselho Revela Dívida, Obstáculos de Venda e Posição de Marcelo Paz
Por Redação FutFortaleza em 21/10/2025 07:16
No epicentro de uma fase desafiadora na Série A, onde a possibilidade de descenso é uma preocupação real, o Fortaleza Esporte Clube observa seus bastidores se agitarem. O desempenho aquém do esperado em campo reverberou em tensões internas, com nomes como Marcelo Paz, CEO do clube, e Eduardo Girão, ex-presidente e atual Senador, expressando visões divergentes. Diante deste panorama, o Diário do Nordeste procurou o Conselho de Administração da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para esclarecer os rumos da instituição.
Em entrevista, o empresário Fabiano Barreira, à frente do Conselho da SAF desde abril de 2025, ofereceu detalhes sobre a condição financeira do clube e o futuro de Marcelo Paz. Barreira, um torcedor fervoroso e conselheiro desde 2012, acumulou uma série de responsabilidades ao longo dos anos, incluindo funções como assessor da presidência em 2017 e diretor de planejamento em 2021. Sua ligação com o Leão também se estende ao patrocínio máster da equipe em 2016, através de sua empresa, o Grupo Serval.
Os Obstáculos da SAF do Fortaleza e a Busca por Investidores
Uma das questões que pairam sobre o futuro do clube diz respeito à não concretização da venda da SAF. Fabiano Barreira fez questão de contextualizar o percurso da criação da Sociedade Anônima do Futebol:
"Aqui é importante historiarmos todo o passo a passo da criação da SAF. O processo foi amplamente discutido com Conselho Deliberativo, gestores e sócios da Associação."Segundo ele, a estratégia inicial pactuada visava uma alienação minoritária, preservando o controle do clube e abrindo portas para futuras captações.
Após a aprovação da SAF, o Fortaleza se viu imerso em uma série de exigências técnicas e burocráticas, indispensáveis antes de qualquer incursão no mercado. Isso envolveu a separação legal e financeira entre a Associação e a SAF, a avaliação e precificação de ativos, além de outras etapas jurídicas e contábeis. Paralelamente, uma seleção criteriosa levou à escolha da XP Investimentos para assessorar e guiar as negociações. O objetivo era atrair investidores para uma participação minoritária, um modelo inovador no cenário futebolístico nacional.
Contudo, as condições macroeconômicas se mostraram desfavoráveis. A elevação das taxas de juros, a instabilidade política e tributária, e a natural aversão a riscos por parte dos investidores, impactaram significativamente o interesse do mercado. Barreira ressalta que
"Em um ambiente no qual a renda fixa entrega até 15% ao ano, operações de maior volatilidade, como o futebol, perdem competitividade."Além disso, o cenário nacional, com a ausência de IPOs e poucos avanços em negociações de SAF nos últimos quatro anos, indica que a situação não é exclusiva do Fortaleza, mas um reflexo do contexto geral, com outras agremiações enfrentando desafios semelhantes.
Diante desse panorama, a operação de venda minoritária se mostrou impraticável naquele momento. O clube, no entanto, mantém a discussão em aberto, com "responsabilidade e maturidade institucional", seja para revisitar o modelo minoritário em um momento mais propício do mercado, seja para explorar outras alternativas, sempre em alinhamento com o Conselho e os sócios. A prioridade é garantir que qualquer decisão seja tomada com
"segurança jurídica, responsabilidade financeira e alinhamento ao projeto esportivo do Fortaleza?."
A Realidade Financeira do Leão: Dívida e Sustentabilidade
Questionado sobre a existência de um passivo de R$ 100 milhões, Barreira confirmou:
"Sim, o clube possui dívida, resultado de um período em que a estrutura de custos superou a capacidade de receita."Contudo, ele enfatizou que essa condição não deve ser interpretada como uma falta de controle. O endividamento, segundo o presidente do Conselho, é uma ocorrência comum tanto no ambiente esportivo quanto no corporativo, desde que existam garantias e capacidade de honrar os compromissos. O Fortaleza, nesse aspecto, possui ambos.
A instituição detém ativos significativos, como jogadores desenvolvidos em suas categorias de base, atletas do elenco principal, patrimônio e uma sólida reputação no mercado. Esses elementos são cruciais para a reestruturação das receitas e a amortização do passivo. Barreira também salientou que, mesmo após a aprovação da SAF, o processo de separação entre a Associação e a SAF é complexo e burocrático, o que impede uma captação de recursos imediata.
"Estamos trabalhando com responsabilidade financeira e planejamento para equalizar o cenário, independentemente do desfecho esportivo,"declarou.
Ele detalhou que, em caso de rebaixamento, haverá uma readequação orçamentária, revisão do plantel e ajustes administrativos. Se a permanência na elite for assegurada, uma reavaliação estratégica similar será conduzida, pois a performance de 2025 demanda respostas claras. Esse tipo de reajuste, acrescentou, é inerente ao universo do futebol. Concluindo, Barreira afirmou que
"não existe terra arrasada,"pois o clube dispõe de ativos, credibilidade e instrumentos eficazes para o reequilíbrio, visando uma operação sustentável, competitiva e financeiramente robusta.
Marcelo Paz: Legado Inquestionável e o Futuro da Gestão
Em relação à performance de Marcelo Paz à frente do Fortaleza , a avaliação do Conselho é categórica.
"O trabalho do Marcelo Paz é o mais vitorioso da história do Fortaleza e isso não pode ser reescrito por causa de um ano ruim,"afirmou Barreira. Ele ressaltou que, ao longo de oito temporadas, o clube atingiu um patamar inédito, com sete anos consecutivos na Série A, três presenças na Copa Libertadores, um vice-campeonato da Sul-Americana e uma projeção que transcende as fronteiras nacionais. Um percurso tão significativo, argumentou, não pode ser desconsiderado por um período de resultados insatisfatórios.
Embora reconheça a legitimidade das críticas e a necessidade de cobranças e ajustes ? responsabilidades que o próprio Paz sempre assumiu ? Barreira manifestou preocupação com a intensidade das manifestações.
"o que se faz hoje com sua imagem ultrapassa o limite da crítica e beira o linchamento,"declarou. Ele considerou injusto
"atacar a honra de quem construiu um dos maiores projetos do futebol brasileiro recente,"especialmente alguém que, até pouco tempo, era amplamente aclamado. Barreira lembrou que Marcelo Paz é, além de gestor, um torcedor e pai de família, e que
"nenhum resultado justifica a violência moral e pessoal dirigida a ele."
O clube, por sua vez, manterá a postura de exigir melhorias, redefinir estratégias e tomar decisões firmes. Uma reunião com o CEO está prevista para ocorrer logo após a definição do destino do time na Série A, seja a permanência ou o rebaixamento, para delinear o projeto de 2026, pois
"mudanças serão necessárias em qualquer cenário."A discussão será conduzida
"no tempo certo, com responsabilidade."Por fim, Barreira enfatizou que
"o Fortaleza não rasga a sua história."Ciclos, naturalmente, chegam ao fim e ajustes são inevitáveis, mas a
"gratidão, equilíbrio e justiça também fazem parte da nossa identidade institucional."As escolhas futuras serão guiadas pelo
"bem do Fortaleza, sem revanchismo, sem passionalidade e com respeito a quem ajudou a construir tudo o que vivemos?."
A Voz da Torcida: Entre a Crítica e a Intolerância
O Conselho da SAF reconhece a validade das manifestações da torcida.
"As críticas do torcedor são compreensíveis e, neste momento, absolutamente pertinentes,"admitiu Barreira. Ele reconheceu que
"Os resultados de 2025 foram muito abaixo do esperado, e o processo precisa ser revisto com profundidade."No entanto, o limite para essa frustração é claro:
"O que não podemos admitir é que a frustração ultrapasse o limite da crítica e se transforme em violência moral, agressões, ataques pessoais, ameaças a familiares ou episódios como o ocorrido recentemente com a família do humorista Aluísio Júnior."
Tais condutas, classificadas como
"inaceitável em qualquer circunstância,"não refletem a essência da torcida do Fortaleza, historicamente celebrada por sua paixão, não por sua intolerância. Esse padrão de comportamento, adverte Barreira, tem o potencial de afastar profissionais, prejudicar a imagem institucional e, em última análise, não contribui para a resolução dos desafios. Ele compartilhou que os membros do Conselho também sentem o sofrimento e a indignação, pois também são torcedores. A distinção reside na responsabilidade: enquanto o torcedor tem a liberdade de extravasar, os gestores precisam
"acordar no dia seguinte com lucidez e responsabilidade para tomar decisões, corrigir rotas e trabalhar ainda mais."
A legitimidade do debate e da cobrança é inquestionável, mas
"a violência não."Barreira também pontuou que, embora haja questionamentos sobre métodos e decisões atuais, é fundamental lembrar que
"todas as escolhas feitas até aqui foram respaldadas eleitoralmente."O compromisso do Conselho é continuar ouvindo os torcedores, implementando as correções necessárias e tomando
"decisões firmes pelo bem do Fortaleza, sempre com diálogo, respeito e responsabilidade institucional.?"
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